4 de out. de 2009

O vampirismo emocional masculino e a cultura feminista

“A cultura é a tentativa dos homens de realizar o imaginável no possível”


O fato das mulheres serem apresentadas como “essenciais para o conteúdo estético da cultura”, nos mostra a verdadeira intenção de evitar nossa ação como sujeito ativo da construção histórica e material da humanidade. Somos limitadas pelas regras do jogo estético masculino. As poucas mulheres que se encaixaram e conseguiram registrar uma pequena historia no mundo arte, o fizeram de modo isolado e tiveram que se submeter a parâmetros da visão masculina que determinava o que era arte e o que não se considerava como. Tornou-se impossível a nós mulheres criarmos nossas próprias concepções estéticas: a arte autentica. Para sermos aceitas nos círculos fechados da criação tivemos que nos adaptar as regras, o padrão estético masculino.
Mas qual é a real importância da cultura para a construção da humanidade?
Para entendermos a importância da cultura na construção da humanidade, precisamos compreender que o objetivo prático da cultura é a superação imaginária das condições materiais de uma dada época, frente aos desejos uma realidade futura. “Enquanto a filosofia (a ciência e a arte) está em sua plena virtude, elas não apresentam-se inertes as ações humanas, como uma unidade passiva e determinada do saber. Ela é nascida do movimento social e ela própria projeta-se como um movimento que morde o futuro.” Se nós mulheres não imaginarmos projetos de futuro para a humanidade, não acumularemos conhecimento possível para controlarmos os meios e criarmos condições materiais capazes de superar as estruturas que limitam o desenvolvimento de nossa humanidade como um todo.

Porque as mulheres não produzem cultura autêntica?
O óbvio é que se produzirmos uma cultura própria construiremos um projeto dialético que se opõe em antítese ao que está posto. Ao analisarmos as condições em que as mulheres se encontram percebemos as seguintes problemáticas: as artes e as ciências foram corrompidas pela dualidade sexual (o machismo). Tal polaridade se reflete na organização social de nossa cultura e coloca em segundo plano a posição das mulheres; a relação que as mulheres têm com a cultura (arte/ciência) é indireta, a mulher gasta sua energia emocional com os homens e os homens, lhes roubando essa energia, impossibilitam as mulheres de construírem um futuro de igualdade entre os seres. Portanto tais condições impossibilitam as mulheres de projetarem um futuro a partir de suas necessidades.
O vampirismo emocional dos homens suga energia que poderia ser utilizada para milhares de projetos feministas. A história das artes e da ciência nos prova que não são as idéias que modificam as pessoas, mas o trabalho que é desenvolvido para concretizar em realidade tais idéias, por isso o homem sublima sua energia no trabalho, suga os restos mortais da nossa existência e nós gastamos nossa energia suprindo as necessidades emocionais dos homens, a sacanagem maior é que eles ainda nos (in)utilizam como Musas inspiradoras de seus projetos de dominação. Sendo musa (inspiração) de um projeto ela não será sujeito de ação dentro do mesmo e não terá sua imagem real transportada nessa projeção, portanto sua imagem será corrompida e ainda ficará estática como um vaso de flores – natureza morta. Dessa maneira a cultura expressa nessa natureza morta, reproduz as condições reais na qual nós mulheres nos encontramos, e delimita as posições masculinas dentro do futuro produzido a partir da transformação desta mesma realidade.
Texto: Ana Clara Marques e Patrick Monteiro.

Um comentário:

IGN-UP! disse...

Achei um estudo sobre a mulher e a arte;só para resumir a estória: os quadros e mulheres nuas tinham a mesma função das revistas masculinas,uns inclusive ilustravam cenas de estupros(não o ato em si,mas sua suposição como uma jovem que é flagrada no banho por 2 homens e por aí vai).É longo,mas vale muito á pena.DEpois do reveillon eu o envio junto com mais outros escritos meus.

Boas festas!