Por que quando nós pensamos no continente africano logo vem a cabeça imagens de fome, miséria, guerra ou animais?
Assim como ocorre com a concepção das mulheres para os homens, os brancos criaram as concepções preconceituosas do que é ser negro. Tais ideias servem de antítese para valorizarem a “cultura branca” e legitimarem a histórica exploração das pessoas daquele continente e toda a dominação existente no mundo. Se os países mais pobres da Terra se encontram na África e na Ásia é porque a descolonização tardia deixa marcas ainda mais evidentes nestas regiões do que na América Latina (ou nem tanto quanto parece). A história de sangue nos aproxima.
REFLEXÕES SOBRE O MEIO E "O OUTRO"
Não é o clima que originou a fome daquele povo, mas a colonização. Não é a ausência de recursos naturais que instituem a miséria africana, mas a exploração do capital privado. Não é a barbárie antidemocrática que fomenta as guerras tribais, mas foram os colonizadores que, durante séculos, armaram as etnias. Não é a falta de espaços urbanos que mitificam o continente, mas a ideologia da civilização que mostra como selvagem tudo que não é Europa ou EUA (vide as imagens o que se projetam do Brasil no consciente coletivo estrangeiro).
Para saírem da condição de “outro”, os sul-africanos e os descendentes de africanos criaram e aderiram ao conceito de sujeito (“Se me disseram que eu sou negro, eu serei, mas não do modo que vocês brancos o querem”). Surge a consciência negra. Um ato político de auto-afirmação frente aos governos racistas.
Na busca por resignificarem sua cultura, várias problemáticas podem ser levantadas, contudo em nada atenuam o fato de que o reencontro com suas matrizes culturais, éticas e estéticas servem de base estrutural para a luta. Os ativistas negros em todo o mundo tem um modelo a seguir. O que facilita suas ações.
REFLEXÕES SOBRE A CONSCIÊNCIA DO SER

As bonecas “Barbie da vida” são mais fatais para as meninas negras que para as meninas brancas. Porém o mecanismo de dominação para ambas é o mesmo, um padrão estético inatingível.
Quem não tem um espelho de si, não reconhece sua imagem. São pobres que assistem ricos nas novelas de Manoel Carlos, são negros que cultuam a estética branca de Gisele Bundchen, são mulheres que se enquadram na posição de objeto ao verem os homens como sujeitos de ação política, cientifica e social.
Muito mais que dar respostas, hoje nós Maçãs Podres iremos apenas levantar fatos e reflexões. Precisamos de uma consciência negra feminista, de um feminismo consciente ou de uma consciência feminista. Pouco importa o nome.
O que seria da vida ou como seria a vida das mulheres de classe média (por vezes feministas) com suas bem sucedidas carreiras profissionais sem as empregadas domésticas? Chega de privarmos meninas negras e pobres de seus estudos, de seu autoconhecimento.
Chegou a hora de apagar as luzes da casa grande (luz demais cega os olhos, ofusca a percepção, causa vertigens e distorções). Como se diz no movimento negro “é preciso escurecer as coisas” (ainda é o reflexo solar da época das luzes que norteiam nossa racial cegueira coletiva). Para que nós feministas também possamos voltar a ver melhor os princípios originais (e fundamentais) de nossa luta pela libertação humana, teremos que ter a coragem de novamente tatearmos no escuro, apagando as luzes do feminismo individualista branco de academia e reconhecendo que "as coisas que reluzem" não são como elas realmente são. No Brasil a realidade também é pobre e racista.
Texto e vídeo: Patrick Monteiro e Ana Clara Marques,
O que seria da vida ou como seria a vida das mulheres de classe média (por vezes feministas) com suas bem sucedidas carreiras profissionais sem as empregadas domésticas? Chega de privarmos meninas negras e pobres de seus estudos, de seu autoconhecimento.
Chegou a hora de apagar as luzes da casa grande (luz demais cega os olhos, ofusca a percepção, causa vertigens e distorções). Como se diz no movimento negro “é preciso escurecer as coisas” (ainda é o reflexo solar da época das luzes que norteiam nossa racial cegueira coletiva). Para que nós feministas também possamos voltar a ver melhor os princípios originais (e fundamentais) de nossa luta pela libertação humana, teremos que ter a coragem de novamente tatearmos no escuro, apagando as luzes do feminismo individualista branco de academia e reconhecendo que "as coisas que reluzem" não são como elas realmente são. No Brasil a realidade também é pobre e racista.
Texto e vídeo: Patrick Monteiro e Ana Clara Marques,
DEDICADO A MENINA JÚLIA.
Um comentário:
Seria bom que vcs analizassem a ponte existente entre o colonialismo e o esteriótipo da mulher negra como objeto sexual,muito celebrado nos carnavais do Rio,e consentido pelas próprias negras.Tme um texto de vcs que fala sobre isso,masnão neste contexto,aquele sobre as prendas x garotas da laje.Bom,poderiam ir mais afundo,tipo,citando as propagandas de eletro domésticos e bostas afins sempre com mulheres brancas assexuadas e as negras nuas do carnaval.É muito nítido na mídia esta estória de "branca pra casar x negra pra trepar",e o pior,colocam na cabeça das negras que elas estão sendo poderosas,etc aquele bando de merda machista ideológica que conhecemos....por mais que louras sejam o ideal de beleza,na hora da "animalidade",quem entra são as negras e os seus "degradês": mulatas,mulatas claras,morenas meio amulatadas(meu caso),etc
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