17 de jan. de 2011

Racismo e machismo na TV

As Mensagens Ideológicas da Grande Mídia
Feminilidade
Reparem que no primeiro momento, a mulher que tem a boca "cheia de bactérias" (entendam discurso feminista) veste roupas "menos femininas", que atenuam as diferenças sexuais. Após ser "conscientizada da condição", ela passa por um reenquadramento estético que a deixa "mais feminina", ou seja, passa a usar roupas tradicionalmente destinadas as mulheres. 
Toda a propaganda age, seguindo as mesmas linhas metodológicas e buscando padronizar os comportamentos sociais. O mito das particularidades e individualidades de cada região pode facilmente ser desmistificado quando buscamos comerciais de uma mesma empresa em outros países. O comercial escolhido possui uma versão brasileira,  com as mesmas características da versão da américa-latina.
É evidente então que no patriarcado do capital vender o produto é tão importante quanto  condicionar as mulheres a ideologia das diferenças entre os sexos.
Maternidade
Hoje uma "nova novela" estréia na maior emissora de TV do Brasil, entre as diversas informações já divulgadas, destacamos a chamada da personagem "Carol" que será interpretada pela atriz Camila Pitanga.
No comercial, a história da personagem Carol se foca no amor platônico que ela sente por "André" (Lázaro Ramos). Porém, durante sua descrição, a personagem é definida como uma mulher "moderna e independente", mas segundos após alguns segundo, ouvimos da própria boca da atriz: "Desde de criança, eu sempre sonhei em ser mãe".
Deste modo, "a função da vida desta mulher" não é a construção/conquista de uma existência ativa, mas a animalidade passiva da reprodução. Assim, fica fácil de "mamãe" imaginar o final da novela e se conformar com sua condição social, lógico não depois de muita dor e drama.  Vale lembrar que Lázaro Ramos ira reproduzir, queremos dizer, "interpretar" o esteriótipo do "homem negro hiper sexualizado" (conceito Cleaver) e irresponsável que serve de oposição "a masculinidade intelectual do homem branco".
"Superioridade Masculina" e Capitalismo
A alta intelectualidade brasileira finge que não existe doutrinamento ideológico nos programas feitos para a elite, para assim afirmarem sua superioridade intelectual. É bem verdade que as mídias “acadêmicas” tentam mascarar a manipulação de modo bem mais sutil do que fazem as redes de TV abertas. Porém, apesar de possuírem o mesmo objetivo, a conservação das estruturas sociais, os doutrinamentos são diferentes em sua funcionalidade.
De trás para frente, a propaganda em questão mostra rostos de pessoas com notória contribuição científica, lhes outorgando o devido reconhecimento sobre o impacto de seu trabalho para a humanidade. Contudo, reparem que todos que aparecem são brancos e são homens. Só esta representação já é capaz de invisibilizar mais da metade da população brasileira, que jamais se reconheceria em qualquer um destes rostos.
Pior, através da mensagem que “são as ideias que mudam o mundo e não a força”, a propaganda nitidamente ataca contribuição marxista sobre a importância dos trabalhadores braçais (força de trabalho) na construção e transformação do mundo e do conhecimento. Se não fosse bastante, o termo “homem” é utilizado como representação universal de humanidade, que não só subjuga as mulheres ao esquecimento, como também supervaloriza a masculinidade intelectual em detrimento a massa masculina que tem apenas o corpo/força bruta como meio de produção.
Por desencargo da consciência (de classe), os ricos adoram fingir que seus privilégios brotam da terra espontaneamente já que “em se plantando tudo dá”. Entretanto, o comercial acima prova que depois de algum treino não há como não notar os direcionamentos ideológicos. Para que se encontra na elite a função da propaganda é de reafirmação dos valores das desigualdades de classe (sejam elas econômicas, ou sexuais, ou raciais), neste exemplo o objetivo é trazer tranquilidade e não convencimento.

Racismo, Homofobia e Machismo
http://bbb.globo.com/votacao/18406.html

Como sempre, o programa o Big Brother Brasil cumpre seu papel ideológico e higienista de legitimador da ordem moral vigente no que se referente as descriminações social, desigualdades de classe e as instituições políticas. Contudo, desta vez o fato ocorreu com menos de uma semana de sua estréia.
Na democrática indicação do paredão, os indicados foram: um “gay negro nordestino”, uma “mulher negra” e uma “jovem transexual negra”. Cabe agora “a voz de Deus” votar democraticamente quem será “o primeiro excluído do sonho burguês do 1,5 milhão”.
Ficamos então a nos questionar como uma coincidência com esta pode ocorrer em um país como o Brasil, dotado de pessoas conhecidamente “cordial e antiracistas”? Seria que a maioria branca e classe média do BBB11 não percebeu o fato ou na real seriam fatos como estes "normais"?
A bronca/culpa/julgamento fica agora para o povo, que dificilmente poderá fugir de uma opção “menos preconceituosa”, pois no jogo das cartas marcadas, sobra para a massa cumprir seu dever cívico e pagar pelas apostas (R$ 0,31 + impostos), além de, é "claro", legitimar a miséria elitista da sociedade/tv brasileira. Pois quem manda nas mente de "nossa nação" são os falos indústriais (das tinturas e alisantes de cabelos).

Texto: Ana Clara Marques e Patrick Monteiro

2 comentários:

Mayara Oliveira (Colérica) disse...

E fora que a maioria dos comerciais são baseados no corpo feminino, tudo é motivo para expor o corpo, em novelas, em programas...o que colabora ainda mais com o pensamento machista de que a mulher é um objeto sexual, um orgão reprodutor, e nada além disso!E fora as mulheres que acabam se colocando em uma posição inferios por pura ignorância ou comodismo influenciadas pela midia, que finge libertar, mas oprime. O que acontece é que dão esmolas aos negros que se contentam em ser empregados nas novelas, q qdo são protagonista é por simples vontade do diretor de fazer polêmica e conquistar audiência.

GRIF Maçãs Podres - Anonymous disse...

Bom acréscimo, May...

Saudações!