7 de jul. de 2009

"MASCULINO"


Ainda me encontro acordada cantando
Pau no reto de todos aqueles que desprezo
Só falo do falo, por ser o machismo
O pior de todos os inimigos que conheço
Não desejo-lhes nada prazeroso
Nenhuma porra ou possibilidade de gozo
É puro desrespeito ao heteropreconceito

Ainda me encontro acordada cantando
Ainda me encontro acordada cantando

No íntimo, sinto um prazer promíscuo
Que resvala na tara da desconfiança,
Se homem fosse, teria uma ereção generalizada
Que se esconderia por trás de suas máscaras.
Não creio em deus ou no diabo, sou um “sátiro”.
E ainda me encontro acordada cantando
E ainda me encontro acordada cantando

Não conhecem a agonia e o asco que sinto
Não sinto piedade dos senhores machistas.
Observam-me como a compaixão dos tolos,
Com a tolerância de quem troca olhares com um cachorro
Se eu latir,e não morder, é porque...
Ainda me encontro acordado cantando
Ainda me encontro acordada cantando

Agora fumarei um cigarro para saciar a leitura poética
Vejo em suas ofertas, todo o meu desprezo,
Causando-me ânsia e muito nojo
Não sei bem o motivo,
Quando não puder mais cantar em tua companhia
Vou preferir a refinada presença de um livro.

Mas ainda me encontro acordada cantando
Com um Pablo Neruda no bolso
No peito, o aperto de um impulso homicida
De um abraço apertado
Nos lábios humanos de macho, o orgasmo
De quem, para seu desgosto,
Põem na boca dos outros
A língua... E não palavras!
Pois ainda me encontro acordado cantando...


Poema: Patrick Monteiro
A muito tento expressar num poema, meu desprezo pelo machismo e a possibilidade de atacar o heteronormativo. Quebrar o preconceito dentro de mim mesmo, deu-me a possibilidade, ainda como poeta, de experimentar as palavras sem medo. Para mim, é o fim de mais um preconceito.

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