Enquanto o homem negro exerce sua masculinidade e enquanto a causa feminista não consegue achar meios de unir as mulheres, foge impune o grande oportunista dos movimentos sociais de esquerda: o jovem homem branco.
Filho do senhor de engenho, ele é o verdadeiro herdeiro do canavial. Sua rebeldia está no fato de ainda não ter assumido o trono que lhe é destinado. Como ainda não é o senhor todo poderoso, circula livremente entre os oprimidos. É o melhor “amigo do homem negro”, é o doutrinador intelectual da jovem mulher branca e está tão "acima das relações de poder" que se apresenta aberto a ter relações sexuais com a mulher negra. Eis o aproveitador que de todos suga para confirmar sua futura dominação.
O projeto da dominação masculina
O principal projeto masculino é a desunião das mulheres. Por estarem tão vinculadas aos homens (brancos ou negros) por “amor”, condição social, trabalho, moradia, interesse econômico ou qualquer outra coisa, as mulheres unidas ao opressor não conseguem identificar sua real condição. O projeto masculino tem por objetivo engajar as mulheres em beneficio da família, a principal estrutura que mantém os papéis sexuais, ou seja, o beneficio masculino. E o mesmo erro não pode ser cometido pelos movimentos de libertação étnica.
A lógica capitalista vem incluindo mulheres de todas as formas e cores dentro do sistema econômico, mulheres negras em menor escala pois capitalismo é sinônimo de racismo e a lógica machista vem incluindo mulheres de todas as formas e cores dentro das estruturas patriarcais da opressão familiar, mulheres negras em diferente escala, pois machismo é sinônimo de racismo.
Hoje a mulher negra esta passando por um processo de exploração e opressão diferenciada do período da escravidão. Como todo produto comercial, a negra deve ser enquadrada a um ideal inatingível para a maioria das mulheres, mesmo quando este ideal inatingível é o teórico padrão de beleza africano, visto pelos olhos ocidentais.
A mídia é o veiculo de marketing que exalta a essência do eterno feminino, e no contexto apresentado é o meio de comunicação que explora a imagem africana fora do seu contexto real. Ela define um padrão que exalta a sexualidade do corpo como objeto. Mas a verdadeira forma da auto-estima (o conhecimento) continua restrita aos jovens brancos intelectualizados, a maior prova disso é que o Estatuto da Igualdade Racial foi aprovado sem a imposição das leis de cotas.
Enquanto deveríamos querer cérebro, somos induzidas a exaltar o corpo, mas o corpo necessita de um cérebro. Dentro dos movimentos sociais de esquerda, trocamos nosso corpo pelo conhecimento que nos é negado. Somos a moeda de troca entre os pseudo- intelectuais masculinos.
Em troca do conhecimento que os homens absorvem na acadêmica, damos ao cérebro o corpo que lhe falta.
A unificação
Uma das barreiras para a união da luta feminista são os diversos privilégios miseráveis que conseguimos reafirmando os valores da feminilidade. Valores que muitas mulheres não querem abrir mão. Por acreditarem que não tem nenhum tipo de privilegio dentro da sociedade racista, os homens negros acabam contribuindo para esta desunião.
Os homens negros e pobres, muitas vezes militantes, reproduzem as opressões de gênero e diferente da questão racial nem se importam em identificar tais opressões.
Nas relações de gênero, os míseros privilégios são fatores para a desunião. Por exemplo: você ter o privilégio de ser frágil gera o conforto de não pensar e agir por si própria; o privilegio de ser vítima em qualquer situação gera o afago e a atenção de todos que estão em volta; o privilégio de ser exótica num espaço majoritariamente masculino gera a diferenciação em relação a outras mulheres, mas resulta numa falsa adoração que limita o desenvolvimento das potencialidades; o privilégio de estar com um homem que se destaca intelectualmente, mesmo sendo machista, gera “o respeito e a visibilidade” entre as outras mulheres e a “curiosidade” entre os outros homens. A opressão de gênero sofrida, por nós mulheres, pode estar na “boa intenção” de um militante em ser gentil ao ponto de dar a palavra à companheira, camuflando a opressão, tirando o foco da luta. Assim, as mulheres acabam lutando por uma reforma no projeto masculino, ao invés de uma superação, dando uma impressão que se não tivermos estes privilégios miseráveis estaríamos perdendo grande coisa.
Só o fato de sermos mulheres já justifica nossa união, pois quando as pessoas não têm nada a perder elas se tornam conscientes de sua opressão. Se abrirmos mão dos privilégios miseráveis que nos são impostos – mulheres brancas e negras – não teremos mais com o que nos preocupar. É importante lembrarmos que as mulheres brancas devem estar conscientes que seus privilégios, enquanto branca, são um apêndice do senhor de engenho, solitária ela é apenas uma mulher e como toda mulher é vista como um subproduto humano do poder masculino. É importante lembrarmos que as mulheres negras conscientes da estrutura psicossocial dos poderes não podem entrar num processo de união com as feministas brancas para estarem relegadas a posição de secretaria do movimento ou cota. Isso as mulheres brancas já fazem no movimento social de esquerda composto por homens brancos e as mulheres negras já fazem em seu equivalente. Se o altar que nos separa for destruído, as grades de flores forem quebradas e as correntes rompidas, estaremos prontas para a guerra e saberemos qual são os rumos a serem tomados e a nossa verdadeira luta.
Nós maçãs podres propomos o fim de todos os papéis sexuais de raça e classe e a união de todas as mulheres pela emancipação humana.
Compreendemos a necessidade de reconhecimento dos privilégios para enxergar os diferentes níveis de opressão. Concordamos que as opressões se dão de forma diferenciada para uma mulher negra e para uma mulher branca, porém os “movimentos esquerdistas” liderados por homens vêm fazendo propostas de separação por conta de vivencias diferenciadas. Saibam eles ou não desde o seu principio – criação da propriedade privada – a dominação e a desigualdade étnica surgiu com a privatização do corpo feminino e a propriedade sobre o produto de seu ventre.
Nós propomos o fim da opressão em todas as instâncias. O feminismo é a luta pela emancipação humana, portanto as questões de raça e classe não podem estar excluídas da nossa luta e nem podem servir de desculpa para a desunião feminina. Queiram os homens ou não o feminismo é a via mais radical para a emancipação humana.
Viva a insurreição!
Texto: Ana Clara Marques e Patrick Monteiro
5 comentários:
O homem negro e o único é maior aliado da mulher negra em sua árdua luta pela liberdade. Eu afirmo isso com plena convicção dentro do verdadeiro movimento de libertação social, as mulheres negras possuem a mesma importância que os homens. Os militantes masculinos negros entendem, reconhecem o fundamental valor das mulheres em um processo de luta. E impossível desenvolver um amplo movimento negro sem a participação ativa das mulheres.
O homem negro e a mulher negra devem assumir os mesmos compromissos através de uma luta unida, as militantes negras conscientes devem repudiar o feminismo Eurocêntrico baseado na crença de divisão de gêneros, as ativistas negras devem construir um programa de reivindicações autônomo, que atenda as suas verdadeiras prioridades a liberação da prática de aborto, não deve ser considerada como sendo uma necessidade da mulher negra pelo contrário a legalização do aborto traria conseqüências mortais para povo negro que seria novamente alvo de uma política genocida. As ativistas negras politicamente formadas precisam buscar em conjunto com os militantes negros a criação de objetivos em comum que incluam a luta pela reestruturação de um modelo de família livre da conjugação do machismo, é do patriarcalismo.
Quer dizer então que a política branca de proibição do aborto é uma política de defesa da saúde da população negra?
Se liga, cristão safado!
Maças Podres realmente não é um nome apropriado para esse grupo, na minha opinião vocês deveriam utilizar outro nome eu sugiro que vocês adotem o nome de : ''Gestapo do femismo '' esse nome sim é perfeito para descrever este grupelho radicalóide.
Maça Podres é grupinho insignificante,a influência que vocês possam ter e algo que se limita a esse blog e nada mais.
E...?
Olha...
não precisava ofender o rapaz.Mudando...
Quando entrei na USP fiquei bem irritada quando meu professor de Antropologia,(francês)começou a me tratar como se eu fosse quebrar, me dizendo para sentar próximo a ele, como se eu fosse surda, ou merecesse atenção diferenciada por ser a única negra numa classe com 100 pessoas.
Passei sem cotas...e não acho que seja menos inteligente que meus colegas, mas acontece, de quererem infantilizar, tirar o mérito.
Quanto ao aborto...concordo:sem essa de "genocídio".
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