A criação das mulheres
Nós fêmeas de nossa espécie somos criadas para o espaço privado. Local que os homens acreditam que deveria ser nosso reduto e encerramento. A resignação social imposta as mulheres forma seres humanos estáticos e contemplativos. Pessoas preparadas para a reprodução de suas próprias vidas. E as que tentam fugir do simples estado robótico ou individualista, geram curiosidade, quando não, são imediato reprovadas pela sociedade.
A ocupação de espaços públicos por mulheres é historicamente caracterizada como uma afronta a sociedade masculina. "Prostitutas", "Bruxas" e "Desocupadas" são alguns dos adjetivos que os homens definiram para estas mulheres. Mas ainda assim, muitas preferiram colocar contra os ventos, os moinhos de suas vidas. E em cada época foram definidas como um perigo para a sociedade em que atuaram. Podemos dizer que, de certo modo, todas eram "maçãs podres".
E assim, nós Maçãs Podres não somos “carne em lata” e não nos submetemos docilmente aos conservantes sociais. Assim como todas as mulheres também fomos pré-moldadas, industrializadas e criadas pra sermos fêmeas reprodutoras. Contudo, algo de errado ocorreu, nossa consciência "apodreceu" e o moinho continuou a girar com mais força na contramão.
A Mutação:
Do estudo para Intervenção
Sabemos é preciso o despertar de outras consciências adormecidas, de outros corpos mecanizados. E não é uma tarefa fácil. Apesar da dificuldade, este despertar geral é um dos nossos objetivos. Inacabadas, estamos em constante mutação, eis que não somos mais só um "Núcleo de Estudos de Gênero Simone de Beauvoir" ou um manifesto virtual, agora assumirmos a figura do Grupo Intervenção Feminista Maçãs Podres.
Portanto, Por enfretamento, podemos dizer que nos obrigamos “ao olho da rua” para que mais pessoas tenham que encarar a verdade, mesmo aquelas pessoas que “preferem” se alienar da realidade. Desta maneira, atingimos tanto mulheres, quanto homens. Durante as ações, as mais diversas reações foram observadas por nós, pessoas que olhavam a distância, que se encatavam, parando e trocando conosco algumas palavras, casais que fotografaram e literalmente brigaram na frente das tintas e frases, crianças mirando seus pequenos olhares nas cores e, a mais previsível das reações, na calada da noite, a pixação de "bigodes" em nosso trampo.
Graffitis: Ana Clara (partcipação de Fernanda Sunega e Sara Epoiam)
Poemas: Patrick MonteiroTexto: Patrick Monteiro e Ana Clara Marques
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" Sofro...
Estupraram minha consciência
A minha carne pede socorro
Desde pequena é a mesma tortura
Baixinho, a boneca Barbie sussurra:
Desde pequena é a mesma tortura
Baixinho, a boneca Barbie sussurra:
'Você não cabe dentro de seu corpo' ”
"Inspiramos as lágrimas dos cantos que ouvimos na dor das várias vozes de Mercedes Sosa
De tão doce é nossa brutalidade que aspiramos as tintas de Frida, sem jamais perdermos a força
Descobrimos a beleza do corpo, pois não somos bonecas de louça
E assim, como revolucionárias, beijamos todos os lábios, sem colocarmos palavras em sua boca...”
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