Este texto é uma continuação dos textos "Pornografia Feminista - As filiais da indústria sexual" e "Pornografia e Prostituição - Uma breve história dos mecanismos de opressão dos machos"
Os códigos da linguagem sexual machista
Vejam ao lado a imagem, nela o corpo feminino e o sexo apresentam vários símbolos dos valores machistas que devam constar dentro das relações de gênero no patriarcado. Na foto maior, pode ler as palavras “amor y violencia” no alto da imagem. Nesta foto, a mulher encontra-se nua e falsamente acorrentada a uma estrutura de metal que aparenta ser a cabeceira de uma cama. Vê-se também o braço de um homem (como se fosse o consumidor, um homem qualquer) com um tipo de alicate, com uma brasa a frente. Aqui a mensagem da submissão sexual é tão explícita quanto deva ser o conteúdo sexual da película.
Na imagem ao lado do título do filme, uma jovem loira apresenta os seios, deitada em feno, estabelecendo uma relação entre sexo e animalidade. A mulher retoma o antigo signo da natureza que deve ser “domesticada ou civilizada” através do sexo masculino. A mensagem decodifica que através do instinto sexual masculino que a mulher é domomada por vontade e prazer.
Na imagem logo abaixo, temos a moldura de uma carta de baralho, trajes fetichistas que dão a jovem tanto um ar de “pureza” quanto de indecência, graças a “faixa colegial” na cabeça e das cintas-liga nas pernas. Esta foto remete-nos a sensação que as relações de gênero são apresentadas como um jogo em que, além de troféu, só desempenhando o papel de macho, o homem consegue sair vencedor na "guerra dos sexos".
Por fim, a foto ao fundo, mostra duas mulheres brigando, com cara de prazer. A loira segura um objeto fálico e aparenta estar “batendo” com ele no rosto da outra. O fetichismo masculino vulgarmente conhecido de possuir duas mulheres é apenas uma distração pra a mensagem que nos remete ao mito da rivalidade feminina e o mito da necessidade de um “pênis” para completar a relação sexual entre mulheres.
A conclusão é que existe um diálogo lingüístico machista dentro dos materiais pornôs. Na pornografia os homens se comunicam entre si, como emissores e receptores, e estabelecem relações conceituais sobre os poderes institucionais e interpessoais do patriarcado. Seja na posição do observador que se excita com as violentas ações desempenhadas pelo ator pornô, seja na condição de diretor que cafetina mulheres para os “atores” ou as condiciona a simular prazer nas cenas de sexo, olhando para a câmera, em direção ao público consumidor, em qualquer nível, a figura feminina é mostrada como moeda de troca das relações sociais masculinas. O corpo das mulheres é apresentado como intermediário das relações entre os homens.
A pornografia assim é mais que um canal lingüístico em que um conjunto de signos (fetiches, palavrões, cenários, figurinos, utensílios, etc) estão apresentados aos espectadores para comunicar os códigos do machismo, é também um registro “real” do “violento tratado sexual” que os homens estabeleceram entre si e para as mulheres, a fim de colocarem no corpo feminino a condição de objeto social masculino.
E para não ser e se sentir excluído do mundo dos machos, qual menino não se sente seduzido a compartilhar a compreensão de tais códigos sociossexuais? Perguntem para seus pais, se quando jovens, ou não, algum deles já se sentiu seduzido a observar alguma imagem "erótica" (apesar que basta apenas observar as relações familiares para se compreender/aprender quase todas as obscenidades das relações patriarcais).
Assim, o material pornográfico tornou-se uma enciclopédia dos valores machista, despertando a curiosidade adolescente e servindo como uma fonte de consulta sexual adulta. Inclusive, como parâmetro de “educação” do modo de transar feminino. O material pornô se estabelece então como uma metáfora de todas as instituições masculinas de poder em relação as mulheres e o modo como elas as compreendem e se deixam "conquistar/dominar/seduzir" por estas instituições. Desde as proibições religiosas até os tabus familiares.
E para não ser e se sentir excluído do mundo dos machos, qual menino não se sente seduzido a compartilhar a compreensão de tais códigos sociossexuais? Perguntem para seus pais, se quando jovens, ou não, algum deles já se sentiu seduzido a observar alguma imagem "erótica" (apesar que basta apenas observar as relações familiares para se compreender/aprender quase todas as obscenidades das relações patriarcais).
Assim, o material pornográfico tornou-se uma enciclopédia dos valores machista, despertando a curiosidade adolescente e servindo como uma fonte de consulta sexual adulta. Inclusive, como parâmetro de “educação” do modo de transar feminino. O material pornô se estabelece então como uma metáfora de todas as instituições masculinas de poder em relação as mulheres e o modo como elas as compreendem e se deixam "conquistar/dominar/seduzir" por estas instituições. Desde as proibições religiosas até os tabus familiares.
Fruto das relações de troca/convivência “civilizada” entre os machos de nossa espécie, sua função social demarca as perspectivas do prazer sexual masculino como direito institucional, como um exercício pleno de sexualidade livres dos homens e apresenta-se, até mesmo, como uma “necessidade de saúde pública” para a preservação das instituições familiares. Como escreveu a Sra. Beauvoir, no capítulo da prostituição “são necessários esgotos para manter a salubridade dos palácios”.
Para as Maçãs Podres, a pornografia é um dos canais subterrâneos de esgoto por onde circula o excremento das relações sexuais de gênero norteadas pelo Estado, pela Religião e pelas estruturas da Família patriarcal. Estruturas familiares estas que ajudam construir a maneira de experimentar-mos a vivência de nossa sexualidade neste "mundo civilizado".
Para as Maçãs Podres, a pornografia é um dos canais subterrâneos de esgoto por onde circula o excremento das relações sexuais de gênero norteadas pelo Estado, pela Religião e pelas estruturas da Família patriarcal. Estruturas familiares estas que ajudam construir a maneira de experimentar-mos a vivência de nossa sexualidade neste "mundo civilizado".
Texto: Ana Clara Marques e Patrick Monteiro
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