3 de jan. de 2009

O MITO DA RIVALIDADE FEMININA

"Historicamente quando povos diferentes, como os povos mesopotâmicos, dependiam de um único rio para beber água, os mesmos disputavam o benefício da água oferecida por este rio em forma de guerra”.

Esta é a explicação para a origem de uma palavra que muito nos interessa: “rivalidade”. Nascida do latim “Rivales” e derivada da palavra “rivus” (que significa: rio). A rivalidade entre os seres pode ter vários motivos e explicações, mas dois chamam bastante a atenção: a rivalidade que nasce da busca de atingir um interesse comum (no caso pode ser a água de um rio) ou aquela rivalidade usada nas estratégias de guerra que servem para distrair os adversários e facilitar a dominação. Assim, a rivalidade representa: a disputa capaz de manter dois ou mais seres desunidos, mesmo que estes nem saibam o real motivo de tal desunião, como ocorre entre as famosas torcidas organizadas ou com as comunidades que formam as escolas de samba. Entretanto qual seria o objetivo de tais rivalidades fúteis?O objetivo é estratégico: fazer com que as pessoas destinem grande parte de sua energia e força de vontade para conquistas que não superam questões fundamentais do ser humano como o racismo. Eis a ironia da tal “rivalidade”: seu nascedouro é a marginalização dos povos.Mas o que isso teria haver com a condição social das mulheres? Tudo.
Sabemos que toda “rivalidade” precisa ser alimentada constantemente, e a ela deve também ser agregados outros valores, mesmo que estes valores, nada tenham de novos. Devido à realidade concreta que nos oprime, muitas vezes, não somos capazes de se nos identificamos como iguais.
Como os povos mesopotâmicos que definiam o outro como diferente de si, ou seja, inimigo, rival e não eram capazes de identificarem-se como semelhantes, resumindo: seres humanos que sofreriam das mesmas dificuldades, mas ao invés de se aliarem, encontravam nas diferenças a desculpa para uma disputa irracional. O mesmo ocorre também com muitas mulheres que dentro de uma sociedade predominantemente machista não conseguem identificar seus opressores que sutilmente estimulam uma falsa rivalidade, tentando nos fazer acreditar que não existe mais machismo, que esta surgindo um novo homem delicado e sensível, diferente dos machões tradicionais. Contudo, no momento, não iremos nos focar na imagem deste novo homem e qual as consequências sociais disso para as mulheres dentro de uma sociedade machista. Nosso foco é na psicanálise social que induz ao “Mito da Rivalidade Feminina”, os aspectos que caracterizam os ditos arquétipos humanos de origem cristã, para a partir disso desenvolvermos uma série de análises sobre as formas de relacionamento afetivo e sexual como a “Monogamia”, o “Swing” e o “Poliamor” e as novas formas de expressão do machismo.

Texto: Ana Clara Marques e Patrick Monteiro

2 comentários:

Unknown disse...

Podemos acrescentar : a rivalidade é uma situação geral para homens e mulheres onde:
1. Os direitos não são iguais
2. Existem segredos
3. Não há carinho e atenção suficiente para todos(as) (STEINER,Claude).
As mulheres tradicionalmente vivem em uma situação de direitos desiguais (entre homens e mulheres) e o ser humano também (entre ricos e pobres). Desta forma na modernidade entendo que esta visão auxilia a entender o processo aqui abordado. Parabéns pelos assuntos!

IGN-UP! disse...

Eu acho que tinha que ter uma reitificação quanto ao termo "rivalidade".Creio que o que as mulheres brasileiras sentem uma das outras é ódio mesmo,tanto que se tem uma dificuldade extrema em se organizar as mulheres desta nação.