
Escrevo isso já que na segunda-feira 18 de julho de 2009, tornou-se norma jurídica a seguinte doutrina: “a recusa do homem que foi declarado como suposto pai de uma criança a submeter-se ao exame de DNA induz presunção (júris tantum) de sua paternidade”. Em outras palavras, o suposto pai que se negar insistentemente a fazer o teste de DNA terá declarada a paternidade.
(Fonte: STJ - Superior Tribunal de Justiça)
Para facilitar a compreensão deste ato, vamos a uma comparação rudimentar: imaginem um homem que descubra ser dono de uma propriedade que desconhecia ou rejeitava, apesar do ônus de ter que pagar os impostos atrasados e a garantir sua “manutenção”, ao ser obrigado a registrá-lo, o até então “homem” não passaria a ter seu poder de proprietário legitimado sobre a pretensa posse? Mesmo que seja contra a sua vontade?
Paternidade e a repressão sexual -
Uma questão moralmente econômica
Uma questão moralmente econômica
A família no direito romano
Inicialmente, as estruturas de parentesco eram o fator primordial que caracterizavam a propriedade da terra e dos rebanhos, agregando comunidades inteiras. A herança dos bens garantia o poder de chefia sobre os demais membros da comunidade. Com o crescimento da população, a concentração de riquezas gerou guerras de conquista territorial e aquisição de escravos (povos dominados) para trabalhar nas lavouras e nos ambientes domésticos. Foi ai que surgiu o primeiro registro do termo família. Na lei romana, a palavra foi empregada para designar os direitos de vida e morte investidos a um homem sobre todos os outros membros que compunham a unidade social. Formada assim para designar “uma cabeça (homem) que governava uma mulher, as crianças e os escravos” dentro de um espaço restrito. Ou seja, a palavra família deriva-se do verbete Famulus, que significava “escravo doméstico”. Em sua origem, família é o número total de escravos pertencentes a um homem no qual ele possuía o direito sobre vida e morte das pessoas que habitavam sua residência.
As bênçãos da Igreja é a permissão de posse
Com a dissolução do Império Romano do Ocidente, na Idade Medieval, coube a Igreja Católica o controle de todos os níveis da vida social européia. O batismo certificava os índices de natalidade; o funeral garantia o registro dos óbitos; e o casamento regulava e garantia a passagem da herança das propriedades. Se nem sempre as pessoas se perguntam o motivo do costume do casamento é por que já ao pronunciar a promiscua frase: “eu vós declaro MARIDO e MULHER”, é porque elas já sabem a verdadeira intenção deste ritual. Para melhor explicar, vamos a etimologia da palavra marido.Como o mesmo significado que a conhecemos hoje, o termo deriva do latino Maritus. Mas em inglês (husband) a origem da palavra revela uma ligação com o termo house (casa). Um aprofundamento sobre sua etimologia conduzirá a antiga palavra nórdica “husbandry” (agricultura), que é a composição dos termos escandinavos hús (house - casa) + bóandi (habitante, morador). Ou seja, morador da casa. Se o estudo se der pela mitologia grega, descobri-se que o termo foi empregado para denominar o Deus Poseidón e viria do substantivo grego “pósis” (marido), que deriva de pot-is (quem possui), e significaria: “Senhor da Terra”, ou em outra versão, seria o “dono [marido] da [deusa] Terra”. De uma maneira ou outra, o termo marido relaciona-se a idéia de dono, possuidor ou proprietário. Assim, o ato outorgado pelo padre nos revela a relação permissiva de poder que se estabelece entre as leis da Igreja e a moral machista. E neste “acordo de cavalheiros” um macho concede a outro macho da espécie humana o reconhecimento de sua propriedade sobre o ventre feminino, como extensão das posses de “Deus”. Concluindo, as famílias continuavam constituindo-se em núcleos de conservação das propriedades feudais e assim a garantir os privilégios sociais. A função moral do nobre casamento era “legitimar o direito natural e divino da jovem fêmea humana de reproduzir”, reconhecendo-lhe a castidade e outorgando-lhe a maturidade sexual, no instante que era repassada para o pênis de um macho (que seria seu novo dono, depois do pai que a entrega em sacrifício no altar) e para seio de outra família.
Os valores morais da burguesia

Como a moral repressiva da burguesia cristã culpabilizava a mulher por qualquer geração indevida, lhe recai um julgamento moral sobre a “fraqueza de caráter” quando um filho lhe era gerado fora de um matrimonio monogâmico. Já a desculpa era que o impulso sexual masculino é de “natural o incontrolável”, culpar exclusivamente a mulher servia para assegurar toda a responsabilidade desta geração recaísse na fêmea, impedindo-lhe de cobrar qualquer direito de herança. O estereótipo de puta estava lançado, em nome do controle das riquezas produzidas. E como ninguém queria ser “o filho da puta” tornava-se necessário exaltar “a santa maternidade da dependência econômica”. Reconhecendo a função do homem – dono do poder – como o provedor.
Em grosso modo, se pode dizer que “a necessidade” do reconhecimento legal da paternidade é derivada de um longo processo histórico instituído pelo modelo de relações patriarcais. A sexualidade feminina passou ser controlada pela monogamia ou poligamia, a fim de garantir a paternidade biológica dos descendentes gerados pelas mulheres. Foi no controle do ventre feminino que se instituiu a manutenção social das propriedades privadas dentro de um grupo consanguíneo específico. Assim, podemos dizer que, por ideologia religiosa, o controle sexual das mulheres serviu para garantir a separação das classes sociais e os seus privilégios geraram as desigualdades de gênero e classe. Sua justificativa pode ser evidenciada no conceito religioso patriarcal conhecido como “jugo desigual”, pois diante “Deus” só haveria dois tipos de pessoas: “as que estão do lado de dentro e as que estão do lado de fora” (da consangüinidade de Abraão). Todavia, a repressão moral e física da sexualidade feminina não abarcava na prática proibição da sexualidade masculina. E qualquer descendente gerado fora da relação reconhecida não resultaria em castigo para os homens ou direito de herança para seus filhos ilegitimos. Ou seja, é no “ideal de família” que se encontram as raízes do poder e do controle de nossa sociedade desigual.As Mudanças do patriarcado
1º - 30% dos documentos de registro de nascimento constam apenas o nome da mãe;
2º - ainda se pratica o costume de escrever nestes documentos a frase: “Pai Desconhecido”;
3º - nascem cerca de 700 mil crianças livres da propriedade paterna por ano .
Segundo dados do IBGE de 2005, o percentual de 30,6% também corresponde ao número de famílias sustentadas apenas pelas mulheres. Ou seja, as mulheres sem o registro da paternidade de seus filhos constituem-se em mulheres que, ao menos, são financeiramente independentes dos pais biológicos de seus filhos.
ANÁLISE DA PODRE MAÇÃ

Se o reconhecimento da paternidade for em “resposta” a moral cristã da sociedade capitalista, estas mesmas mulheres podem estar sendo induzidas a prestar um desserviço reacionário ao movimento, já que se desejarem o reconhecimento da paternidade pelos fúteis intuitos da “divisão dos gastos” e “a confirmação de sua honradez” (evitando para si o estigma de puta e para o filho a alcunha de bastardo). Estarão reafirmando o papel do homem como provedor da “santificada lógica” cristã e do Estado – instituição máxima do poder machista – como regulador indispensável à humanidade.
Pois imaginar “a necessidade do reconhecimento paterno” é, no mínimo, desconfiar da capacidade de uma educação feminista, voltada para o fim do patriarcado. Proposta que nasceu junto a ideia da “produção independente” e atingiu seu auge na última onda feminista dos anos 60/70, apesar de hoje parece ser uma ideia descartada pela maioria das mulheres. Também não podemos negar que esta concepção de “geração e criação independente” é produto de um feminismo que não respondia as necessidades imediatas das mulheres negras brasileiras, que formam a maioria da população. Mulheres que historicamente foram massacradas pela economia sexista branca, que nem de longe vislumbrava a possibilidade remota de aceitar, em seu seio familiar, um “bastardinho negro fruto de aventuras passageiras”, quanto mais permitir a divisão da herança com uma cria ilegítima.Se o reconhecimento da paternidade fizer com que os homens participem da criação das crianças, conscientizando-os deste fardo, a norma jurídica tomaria uma dimensão feminista, pois quebraria com parte da construção social que impõem as mulheres o papel da maternidade e de únicas cuidadoras das crianças. Desta maneira, a divisão do ônus educacional permitiria em parte uma liberdade/autonomia até então inexistente para as mulheres. Mas não parecem ser estas as perspectivas.
No final, se o reconhecimento da paternidade não se constituir, para os homens, em encargos na criação, se traduzirá apenas em mais uma justificativa legal de que o Estado é um órgão fundamental para regular os relacionamentos humanos. Estado este capaz de reconhecer de imediato qualquer paternidade, mas que não permite a prática do aborto. Além de legitimar a tradicional “figura paterna”. Assim, as pessoas que deveriam ser as verdadeiras “beneficiadas” – as crianças – não encontram nenhum benefício prático, pois continuarão sendo tuteladas pela suas sobrecarregadas mães, negligenciadas pelos homens-pais que as rejeitaram e, pior, servindo de desculpa principal para a manutenção das relações falidas entre homens e mulheres, que ainda se encontram acorrentadas as concepções arcaicas. Como comprova, em ilustração, um trecho de um depoimento extraído do livro “Mulher: da escravidão à libertação”, organizado por Hugues D’Ans:
“Minha mãe exigia de mim que chamasse o seu companheiro de pai; isso segundo ela, reforçaria seu relacionamento. Por outro lado, o meu avô me repreendia, pois não era a favor de mentiras, não era justo chamar outro homem de pai. Eu ficava aflita quando esse homem vinha em casa, não sabia como tratá-lo.”
Numa sociedade impregnada por desejos morais de propriedade privada sobre bens e pessoas, de rígidos papéis de hierarquia, comando e dependência social, além de fortes valores repressivos, que são derivados do cristianismo, o controle da sexualidade das mulheres e das crianças foi a chave para o aprisionamento e distinção das classes sexuais e socais. A família sempre foi a vice-canditada patriarcal na chapa eleitoral do “pai eterno”. Ou seja, as mentalidades ultraconservadores da sociedade (professores de escolas tradicionais, líderes religiosos, e juristas e legisladores cristãos) sempre se utilizam dos “efetivos laços afetivos” que constituem “a santa moral e os bons costumes”, para advogarem em favor dos valores sociais que lhes remetem status e poder. Este também é o argumento proferido pelas “filantrópicas” ONGs vinculadas a ideologia do “politicamente correto”, que puxam a rodo verbas públicas para o bolso de homens “acima de qualquer suspeita”, em nome da miséria alheia.
Contudo, não podemos negligenciar o fato de que é problemático para toda criança o não “reconhecimento de sua paternidade” na sociedade em que vivemos. E que não mais é possível admitir a reprodução histórica do ônus da criação educacional de uma criança recriando sempre, novamente, única e exclusivamente sobre o ventre e braços das mulheres que o geraram, mesmo aquelas que são legalmente casadas. E, como este direito reconhecido é fruto das lutas dos movimentos sociais, que não mediram esforços para que tal ação acontecesse, cabe-nos refletir sobre o fato em si, se o uso de tal direito pelas mulheres – e não pelas crianças - seria ou não seria uma arma contrária ao sistema machista. Talvez cientes do significado moral e origem histórica da “necessidade” do reconhecimento pátrio, seja possível vislumbrar uma alternativa menos tradicional para o problema. Assim, tentamos trabalhar o debate sobre a questão da maternidade e da paternidade de uma criança, com um foco que se debruça sobre o questionamento da legitimação da autoridade paterna e estatal, sem negar que, qualquer ângulo aqui abordado, não é nada mais que um direcionamento ideológico que visa instigar uma futura insurreição feminista contra o sistema econômico de classes sexuais e em favor da libertação de toda a humanidade. Pois, suas causas e conseqüências são de fundamental importância para a atuação do movimento feminista contemporâneo, em especial, o movimento feminista radical.
Assim, nós maçãs podres, acreditamos que a libertação da mulher se inicia na luta pela consciência plena de sua real condição, em nome do controle, propriedade e posse de seu ventre. Só transformando as relações pessoais /sexuais e destruindo por completo as hierarquias de poder e desequilíbrio econômico que poderemos chegar a uma constituição social autorregulável e transcendente de imposições de gênero/raça/classe, relações capazes de se caracterizarem como livres e ontologicamente humanas.
Texto: Patrick Monteiro
7 comentários:
caro Patrick
O seu texto está muito interessante e levanta questões pertinentes, mas vou-me guardar para outra leitura para fazer um comentário.
Para já parabens também pelo novo formato do blog: o texto deixou de ter ruído e embora extenso e complexo, torna-se de leitura muito mais acessível.
para comparar, um texto desse pagão:
http://betoquintas.blogspot.com/2008/03/eles-so-da-famlia.html
Car@s Adília
Sim, refletimos sobre sua colocação(e sugestão) sobre o layaut do blog, e concluimos que estava certa. Dispostas a mudanças, começamos mais uma mudança -dorolosa por sinal. Uma mudança que possibilitasse uma maior absorvição dos textos. Esperamos seu comentário crítico sobre o texto venha para enriquecer a dialética, o registro do conhecimento divulgado e nossas posições políticas.
Agradecemos a colaboração.
.
...e Beto
sabermos que o que determina o caráter de um ser humano é a soma de sua conduta. Por tal motivo, iremos ler o seu texto (e blog) com a atenção merecida, como o devido e mesmo tratamento que dispensamos ao homem que do nosso grupo faz parte, ou seja, com o necessário distanciamento, mesmo quando entendemos que tal homem é um possível ser humano feminista.
Por fim,
Abraços podres de todas maçãs, inclusive do Patrick!
Caro Patrick
Como bem sabe, os respeitáveis pais de família sempre procuraram descartar-se das consequências das suas aventuras fora do casamento para preservar a herança dos filhos que consideravam legítimos. No período da revolução francesa em que ingénuamente ainda se pensava que a liberdade ia ser para todos/as, as mulheres reivindicavam que lhes fosse reconhecido o direito de designarem o pai de um filho, o que significava denunciar a paternidade «ilegítima». Hoje as técnicas de identificação do ADN vieram colocar em apuros os tais pais de família e ainda bem, acho que foi uma ajuda extraordinária. De resto permito-me discordar de si, uma criança tem direito a ter mãe e pai, isso da produção independente é mais um erro de perspectiva, assim como um homem não faz um filho a uma mulher, como na linguagem sexista ainda hoje se diz, uma mulher também não faz um filho sozinha e esta realidade é insofismável. Para mim o problema não é acabar com a família, é acabar com a família patriarcal; Como diria Hume, os laços de intimidade, cooperação e amizade que a família natural pode promover são uma boa escola para a vida social; claro que a família num futuro que não deve estar muito distante, vai ser muito diferente da que conhecemos, de resto isso começa a vislumbrar-se. A nossa tendencia para rejeitar a família que ainda conhecemos está no facto de ela ter sido o «locus» de opressão da mulher, inclusive da opressão económica, coisa que o marxismo, por exemplo, negligenciou.
Cara Adília,
Para melhor trocarmos ideias
o texto segue os eixos:
1º - questionar a imposição social de uma maternidade que nem mesmo vislumbra a possibilidade do aborto (pq uma mulher assumi uma gestação - masculinamente -indesejada, para logo depois exigir o reconhecimento da paternidade desta criança);
2º - questionar a reprodução dos papeis sociais de mamãe/papai, ao invés de se investir na concepção de cuidadores, independente das designações sociogenitais;
3º - questionar a não efetivação de uma criação/educação que liberte de imediato as crianças dos papeis sociais de mulher/homem, mamãe/papai, marido/esposa/amante.
Gostaríamos também de:
1º Saber em qual contexto Hume escreveu/declarou tal frase, pois já em seu conceito ontológico original o termo família (FAMULUS), por si só, representa uma extrema opressão e imposição de poder e autoridade.
2º Elucidar que “produção independente”, não se tratava de uma questão fundamentalmente biológica – ovulo e espermatozóide, mas de uma ação existencial autônoma, uma autodeterminação para-si e uma auto-afirmação frente as instituições da dependência econômica, legal, tutelar e matrimonial imposta as mulheres. Ou seja, uma escolha/ação/práxis política de rompimento com as amarras morais e estruturais que exigiam das mulheres a presença de um homem, e seu sobrenome, dentro de sua casa e vida, para que estas pudessem ser consideradas capazes e respeitadas.
3ºreafirmar que – assim como vc explicitou - concordamos no demais.
Saudações
Caras maças podres
David Hume desenvolveu o conceito de família natural no Tratado da Natureza Humana, não consigo localizar as páginas porque li em edição on line, mas se V. tiverem o livro não deve ser dificil. Claro que H. também reconheceu a família artificial que resultaria de contrato e convenção. Na mesma linha distinguiu virtudes naturais de virtudes artificiais e considerou por exemplo a modéstia e a castidade como artificiais. É um pensador muito interessante e muito realista quanto à situação das mulheres.
Agora há uma divergência de fundo na maneira como V. e eu encaramos o feminismo. V parecem alinhar com o f. radical que vê os homens apenas como parte do problema. Para mim de facto os homens são parte do problema mas também são parte da solução, porque o mal do patriarcado não atingiu só as mulheres e sempre que há carcereiros e prisioneiros em certa medida os carcereiros também estão presos.
De qualquer modo, apesar das divergências parece-me proveitoso trocar ideias, pois realmente a frente inimiga é tão ampla que com divisonismos dificilmente se vai a qualquer lugar.
Abraço, adília
Cara Adília
Parâmetros para uma construção dialética:
Creio que o que Hume chamou de “família natural” são a conhecidas “relações de parentesco consanguíneas”, anteriores aos difundidos modelos do patriarcado Eurasiático. De Hume a Bachofen, Engles, etc... como bons europeus, analisaram estas relações microssociais como o etnocentrismo comum a tais pensadores, mas é necessário compreender que o parâmetro do texto é a ontologia do conceito Família (que remete a uso de autoridade e propriedade legal sobre bens e pessoas) e não a equivocada comparação estabelecida por estes estudiosos, que analisaram tais relações, tendo como base fundamental as relações de parentesco de suas próprias culturas impregnadas por valores de posse e propriedade. Deste modo, o que eles identificaram como “familiares” não necessariamente é compreendida pelos povos que as praticavam, do mesmo modo que conhecemos. Tentarei me aprofundar mais no Hume em outra oportunidade.
Creio que a base de nossa divergência teórica se fundamenta na crença ou não do “mito do eterno feminino”. Os homens são “parte” do problema, porque a outra parte é o “ser mulher”. Para acreditar nestas definições, é necessário aceitar uma “essência de natureza imutável característica a cada sexo”. Se partirmos do pressuposto que ser “mulher ou homem” é uma construção social, teremos como pressuposto a eliminação destas concepções e papeis sociais. Como o conceito do que é “ser mulher” é definido pela maternidade (o biológico, entre outras), toda e qualquer fêmea da espécie deverá desejar “naturalmente” ser mãe, para torna-se uma “mulher completa”. Não aceitando assim a possibilidade do aborto. Como a definição de mulher, para os teóricos essencialistas (por exemplo: Aristóteles e Freud), é que a fêmea da espécie é “um macho castrado”, o em-si básico que define o que é “ser mulher” é o “ser homem”. Conclusão, para que uma mulher sinta-se “completa”, ela precisa do pênis que lhe falta, e que idiotas psicanalistas definiram e defenderam como “a inveja do pênis”.
Estas são definições essencialistas, não aceitamos, pois sabemos que os papeis de mulher e homem são construções sociais formadas para a manutenção dos mais diversos privilégios que existe a partir da opressão de gênero. Desta maneira, o “ser homem” é nosso alvo principal, e não único. Pois destruindo esta concepção/atuação, destruímos também “o mito do eterno feminino”. Mito este, presente no consciente coletivo, que serve de direção para a criação educacional das crianças da espécie, ou seja, novos oprimidos e opressõres. Pregamos o fim da maternidade/paternidade e defendemos o principio básico dos cuidadores – livre dos papeis sociais da feminilidade/maternidade e masculinidade/paternidade.
Abraços podres, Patrick
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