Socialmente, a principio, dizemos que tal data não tem nada
de feminista. Quer dizer, teoricamente seria um símbolo da atual forma de família,
e família em seu sentido mais judaico-cristão (o que é sinônimo de não-feminismo).
Pensamos, por outro lado, que se toda cultura é resultado de
uma história, logo, cada região tem sua própria história em miniatura, como
parte de uma história macro, logo, a história se apresenta como uma construção
social (e material).
Temos, então, diferentes construções culturais. A
paternidade, consequentemente, é resultado de construções culturais também
diferentes. Portanto, a paternidade, no momento, pode ser símbolo de “patriarcado”
(ou, se preferirem: de dominação masculina) em alguns lugares; isto não impede,
todavia, que a paternidade também seja transformada e receba uma ética
feminista.
Quando falamos em transformação e ética feminista, não
estamos falando de “ética” em um sentido convencional, estamos falando de
práticas cotidianas norteadas por algum senso em comum com determinadas formas
de pensar. Neste sentido, nossa ética feminista seria a busca por uma equidade
de gêneros possível somente com a reconstrução de determinados aspectos
culturais (aqui, a paternidade em seu sentido patriarcal).
A construção cultural pode ser realizada por todos que
buscam mudar, transformar a sociedade em um lugar melhor para se viver. De certa
forma, todos que passam pela “existência” deixam alguma contribuição, seja moral
ou material. Mas, nem sempre de forma positiva. Portanto, nós pretendemos contribuir
positivamente para transvalorizar a paternidade, tornando-a numa forma humana e
igualitária, sem violência, de construção social.
Não estamos sozinhos, mesmo que pareça, todos nós, a partir
do momento em que decidimos fazer algo diferente, estamos contribuindo de alguma
forma para que as próximas gerações possam viver de forma mais justa do que a
história nos proporcionou até agora.
Seja pai, mas ao seu jeito. Não seja um “chefe”, mas um pai feminista.
por Gabriel Brito
(pai feminista de três meninas)
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